MALDITOS CICLOS
Essas coisas dos ciclos, viu? Sempre me incomodam, mas acho que dá pra pensar sobre tudo isso. Se bem que os ciclos têm mais a ver com sentir, enfim...
Têm momentos lindos nas nossas vidas, momentos em que somos apaixonados, são momentos na maioria das vezes tristes – e é principalmente por isso que são lindos – só que para fugir dessa tristeza (ou dessa beleza), nós teimamos em nos acomodar, teimamos em pôr nosso amor na rotina, e aí ele fica oco. Acontece que alguns amores nunca fogem, nunca vão sumir. Sair da rotina dá medo porque ao fazermos isso somos colocados de volta cara-a-cara com esses ciclos malditos, esses amores que nunca se vão; e aí tudo volta a se complicar e ficar bonito e triste (e portanto, feliz). Sair da rotina é complicado porque nem sempre estamos a fim de lidar novamente com nossas vidas, ou nem sempre temos tempo para tanto.
Sair da rotina é também não saber direito para onde ir.
Sair da rotina é deixar algo muito importante para trás.
Sair da rotina é terminar relacionamentos, falir um negócio, ter coragem de passar num vestibular, ter coragem de quebrar a cara, ter coragem de não ter mais um amor oco.
Sair da rotina é voltar a tentar viver com intensidade, mesmo sabendo que isso é quase impossível.
Quebramos um ciclo para criar outro, e quando esse outro vira rotina, quebramos de novo, e quando o outro novo vira rotina, temos que quebrar de novo, e vai ser assim até nos cansarmos de quebrar os ciclos, ou morrermos. Viver quebrando ciclos é viver criando e saindo de rotinas.
.......... Quero sair da rotina.
E queria uma forma de escapar desses ciclos.