Respondendo ao coment da Hug...

Tenho percebido que ando mais brando com as minhas indignações
Parece que tenho observado mais as coisas por aí...

Pão com manteiga

Um compasso
É tão rápido quanto um passo
Esse estranho marca-passo
Que não pára de cutucar

Um passo
Sempre preso a esse compasso
Tenta, tenta se soltar
Cai de novo e insiste em levantar

A menina que abraça o seu cão
O menino que não veste seu roupão
O boneco que ainda está sem uma mão
E aquela velha medalha da latão

Relembram
Um momento sem compasso
Onde um passo só era um passo
E era possível andar

Comer torrada, passar manteiga no pão
Era coisa espetacular

AQUÉM DA GENTE

O ciúme aparece
E é engraçado,
Que ele faz com que fiquemos instantaneamente criativos
Instantaneamente cativados
Instantaneamente melancólicos
Instantaneamente apaixonados de novo

Nessa oquidão que é a vida da gente,
Um ciuminho sempre é bem vindo
E pode ser qualquer coisa...
Porque tudo passa a ser intenso
Aí você lembra só de como tudo era intenso antes

Mesmo que se tenham passado
Dois meses
Seis meses
Três anos
Sete décadas
Decênios...

Porque vivemos tão aquém da gente
Que um ciuminho sempre é procurado
Mesmo que antes ainda fossemos
Aquém da gente.